terça-feira, 9 de março de 2010

Entrevista - Correio Braziliense

Ciclistas viajam 10 mil km De bicicleta, três fluminenses cortam mais de 12 mil quilômetros do país em viagem prevista para acabar somente em março de 2010

Rachel Vargas

Publicação: 09/12/2009 09:33 Atualização: 09/12/2009 09:35

Já são 49 dias e cerca de 2.600km percorridos. Parece muito, mas para Marcelo Toledo, Fábio e Ângelo Corso é só o começo de uma aventura que promete muitas histórias, belas paisagens e superação. A Expedição Conexão, que teve início em 22 de outubro, em Paraty, no litoral do Rio, já percorreu parte do estado de origem, Minas Gerais, Goiás e o Distrito Federal e ainda tem pela frente cerca de 10.000km e, claro, muitas surpresas. A expectativa é de que o trio complete o desafio no início de março. Até lá, vão visitar parques nacionais, grutas, cachoeiras, sertões, litorais e lugares que mal aparecem no mapa.

A ideia de se aventurar sob duas rodas surgiu de Ângelo, responsável, inclusive, pela rota dos expedicionários. O desafio, no entanto, só virou realidade com uma tragédia que fez o advogado mudar de vida. “Já tem tempo que penso nisso, mas só ganhou forças neste ano, depois que os sócios do escritório em que eu trabalhava morreram no acidente da Air France”, lembrou.

Na carreira radical, Ângelo fez a pé a volta da Ilha Grande, cerca de 130km em uma semana. Foram três meses estudando mapas, bolando itinerário e calculando os gastos com alimentação, equipamento e tudo que fosse necessário durante a viagem. “Quando comecei a planejar fui montando uma bicicleta intermediária, que não fosse tão cara, mas que aguentasse o tranco”, afirmou. Além disso, a aventura estava planejada para ser feita sozinho, por isso, nada podia dar errado.

Até dois dias antes de viajar, Ângelo tinha certeza de que seguiria Brasil afora sem companhia. Ele até havia convidado o amigo Marcelo e o irmão Fábio, mas, por falta de dinheiro(1), nenhum dos dois mostrou interesse. Mas, durante o almoço de despedida do ciclista surgiu a novidade. Depois de falar que só não seguiria o caminho do amigo porque não tinha conseguido vender o carro, Marcelo, imediatamente, recebeu uma ajudinha de um outro amigo. “Na hora ele preencheu o cheque e me fez o ‘emprestrocínio’. Fui comprar minha bicicleta e arrumar as coisas.” Fábio não quis ficar para trás e resolveu fazer o mesmo. Devidamente equipados, os três, então, colocaram o pedal na estrada.



Cachoeiras

O primeiro trecho da aventura foi em uma das mais belas partes da Estrada Real, que liga Diamantina a Paraty. Pelo caminho, se depararam com cachoeiras, rios, grutas e muita hospitalidade dos moradores, que sempre os ajudaram de alguma forma. Cientes das dificuldades de pedalar à noite e determinados a descansarem todos os dias, os atletas pedalam em média oito horas a cada trecho. “A gente procura pedalar até anoitecer. Depois paramos para descansar. Um dia pedalamos 15 horas. Foi muito puxado, não vamos repetir isso”, afirmou Ângelo.

OS NÚMEROS

R$ 30 mil - É o gasto estimado que vão ter durante os quatro meses de expedição

12 mil - Quilômetros é a distância que devem percorrer em quatro meses

Kit de sobrevivência

Para o trio de aventureiros é preciso fôlego e determinação. Além disso, um belo estoque que supra as emergências para que a expedição não corra o risco de ser interrompida. Para isso, carregam, em cada bicicleta, uma bagagem de 30kg. São roupas, comida, barraca, saco de dormir, medicamentos, fogareiro, bujão de gás, saco térmico, capa de chuva, pneus reservas, câmara de ar e ferramentas.

Para se ter ideia da importância desse kit, os pneus das três bicicletas já furaram mais de dez vezes. Não fosse a precaução em carregar utensílios que permitam um remendo ou a substituição, provavelmente a expedição estaria bem atrasada. Por isso, cada parada nas vilarejos é fundamental. Afinal, é a hora em que ajustam as bikes, descansam, tomam banho e comem.

E foi numa dessas paradas que, há alguns dias, o trio se separou. Ângelo, conhecido como o mais ansioso e ‘apressado’, não aguentou esperar os amigos, que resolveram esticar em Lapinha, distrito de Minas Gerais com 300 habitantes e muitas cachoeiras. “Sou um pouco mais nervoso, eles são mais prudentes, sempre têm razão. Acabei indo na frente e depois nos encontramos”, contou. Mas a decisão foi precipitada. “Me arrependi de ter ido sozinho. Nesse dia acabei caindo e me machucando”, lembrou.

Quem são eles

Nome: Marcelo Toledo
Data de nascimento: 13 de julho de 1970
Local: Nova Friburgo (RJ)
Altura: 1,83m
Peso: 90kg (antes eram 100kg)

Nome: Fábio Corso
Data de nascimento: 13 de outubro de 1983
Local: Nova Friburgo (RJ)
Altura: 1,83m
Peso: 72kg


Nome: Ângelo Corso
Data de nascimento: 13 de fevereiro de 1979
Local: Nova Friburgo (RJ)
Altura: 1,72m
Peso: 72kg

Locais percorridos

» Paraty (RJ)
» Estrada Real (RJ/MG)
» Diamantina (MG)
» Ouro Preto (MG)
» São João Del Rey (MG)
» Serra da Mantiqueira (MG)
» Serra do Espinhaço (MG)
» Serra do Cipó (MG)
» Brasília

Fonte: Correio Braziliense

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