terça-feira, 29 de março de 2011

Corso no Jô


Link para assistir o vídeo no site do Programa do Jô!
Muito bom! Emocione-se com as aventuras de Angelo Corso!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Palavra do Expedicionário...

PRIMEIRA EXPEDIÇÃO SOLO A REMO A SUBIR O RIO AMAZONAS CONTRA CORRENTEZA.

Rio Amazonas, um desafio do tamanho de suas dimensões.

Por Angelo Corso

Ainda nos preparativos para subida solo do Rio Amazonas a remo contra a correnteza, muitos, e, diga-se de passagem, entendidos no assunto, afirmavam categoricamente que seria impossível fazê-la. Motivos para fundamentar tais afirmativas são os que não faltavam: o principal deles, sua correnteza, uma das mais fortes da Amazônia.
E este não seria o único desafio, some-se a isso seu ambiente selvagem, seu isolamento, seus temporais, tempestades, banzeiros, falta de comunicação, fortes chuvas acompanhadas de tempestade elétrica, o alto barranco a suas margens que cai o tempo todo (fenômeno da terra caída), impedindo-nos de atracar em terra firme numa situação de risco, a distância entre as comunidades habitadas, a falta de estrutura, os imensos troncos que descem com a força da correnteza podendo se chocar como barco e danificá-lo, a rota do tráfico de drogas, os piratas, os jacarés, as piranhas, as cobras, os insetos, as onças e outros bichos que habitam a imensa floresta, o desabrigo, a incerteza e a carga de 50 kg de suprimentos eram alguns dos argumentos contra.

Entretanto, o desejo e vontade somados às inspirações de mestres como Amyr Klink, Shackleton, Aladir Murta, Mario Vidal e outros navegadores eram mais fortes que o medo, a insegurança e qualquer outro sentimento que habitasse meus pensamentos, pois se não tentasse passaria a vida buscando argumentos para justificar minha atitude, não queria isso, e não era pelos outros, era por mim, precisava passar por isso, viver isso, sentir isso, sofrer isso, aprender isso.

Tinha que superar os obstáculos que me seriam impostos, pois sabia que com muita humildade, paciência, disciplina, controle, senso de oportunidade, vontade, respeito à mãe natureza e suas leis, ela não me puniria, e aos poucos, a cada dia, a cada lenta remada, avançaria e, em algum momento, cruzaria minha linha de chegada.

Foi necessário muito planejamento, bons equipamentos, treino e muita conversa e troca com quem já vivenciou experiências parecidas. Mal sabia eu que seria a primeira expedição solo a remo subindo o maior rio do mundo contra sua forte correnteza.
Descobri tal condição ao longo do caminho e ao mesmo tempo fiquei preocupado, na maior parte das vezes ansioso, sob alguma pressão e motivado pelo ineditismo da iniciativa e assim foi. Procurei pensar no novo homem que nasceria em mim, na torcida a favor, na minha família, nos meus amigos e nas pessoas que fui conhecendo ao longo do caminho e que de alguma forma me ajudaram.
Não se consegue transpor qualquer montanha, mar, floresta ou rio sem que eles permitam, tem que aprender a interpretar seus sinais, por o pé no freio quando eles determinam. Lá, a lei é soberana e sua pena pode ser de morte, pois não há lugar para vaidade ou prepotência, sua regra é absoluta: respeite seus limites ou morre.

Em momentos de apuros e extremo esgotamento físico e mental, quando tudo parecia perdido, quando a corda parecia ruir, quando o barco parecia afundar, quando o choro e o desespero pareciam assumir a cabine de comando, respirava fundo e pensava nas dificuldades passadas por Amyr Klink em suas expedições, lembrava-me de sua inesquecível frase “Chega um momento que é preciso parar de sonhar e de algum modo partir” e eu estava ali por um sonho, tinha tomado a decisão mais difícil que foi partir, precisa recuperar a serenidade e pensar em uma solução, mesmo que ela fosse diferente da imaginada, ela viria, com paciência, fé e certeza.

Meu barco é um caiaque oceânico com 4.30m de cumprimento, 90 cm de boca, com dois compartimentos de carga que me permitiam levar uma carga de 50 kg, em sua maioria comida. Um de meus maiores medos era a fome, logo, preferi levar mais peso e minimizar esse risco, não queria depender da floresta para me alimentar, mas por várias vezes comi nas casas dos pescadores, ribeirinhos e caboclos. A comida era ótima e dada com muito amor, uma deliciosa farinha de mandioca com peixe. Aproveitava esses encontros para compartilhar com eles meus alimentos, era uma forma de retribuir e lhes proporcionar uma comida diferente e os á base de chocolate fazia a alegria de garotada. Foi maravilhoso!
 
Além da comida carregava também roupas (térmicas, frio e chuva), barraca, rede, mosquiteiro, saco de dormir, fogareiro automático, álcool em gel, isqueiro, lanternas, facas, medicamentos, mapas, GPS, máquina fotográfica, filmadora, computador, livros, cadernos de anotação, talheres, panela, cantil, corda, energéticos naturais, balança, mosquetão, remo reserva, mochila com kit de sobrevivência e emergência, ferramenta e equipamentos para reparo do barco, hipoclorito para purificar a água, colete salva vidas, óculos de sol e de natação, protetor solar, repelente para inseto e outros equipamentos, tudo isolado em sacos plásticos ou estanques.

O princípio é: manter o corpo aquecido, não passar sede e fome, ter como dormir, como se localizar e se locomover, como se medicar, ter luz e fogo. Exceto uma situação extrema, com isso você sobrevive. 

A navegação a remo em águas abrigadas contra a correnteza deve obedecer algumas regras. Geralmente rema-se pelas margens do rio onde a correnteza teoricamente é menos forte, entretanto, alguns perigos devem ser observados com toda atenção: primeiro são os troncos e árvores arrastados pela força da correnteza que se acumulam em suas margens, e é aí que mora o perigo, os jacarés, facilmente confundidos com troncos e galhadas, ali se camuflam, obrigando-nos a remar todo tempo pensando que qualquer tronco pode ser um jacaré e, quando for, remar para o meio do rio, assim ele perceberá que você não pretende atacá-lo e provavelmente não o atacará.
Vivi essa experiência cinco vezes, e o que realmente deu medo foi quando, em uma delas o jacaré nadou para fora da galhada em minha direção. Acredito que ao perceber que eu não o ameaçava e remava para bem distante recolheu-se. Outras duas vezes eles afundaram e segundo os ribeirinhos esse comportamento se dá quando querem se esconder. A pior das vezes foi quando dois pescadores em uma canoa de madeira intercederam e alertaram-me que na ilha pela qual eu passaria, havia um Jacaré Açu chocando (período em que fica agressivo), chega a medir mais de seis metros e que já havia inclusive atacado a canoa deles. Fiquei com tanto medo que tremia igual vara verde em vento forte, imediatamente pulei para a canoa dos pescadores até que eles fizessem um outro caminho para que me deixassem em segurança.
O segundo perigo é a chamada terra caída, fenômeno que se dá quando a força das águas impacta no barranco e o derruba, havendo aí dois perigos, um deles é o próprio barranco despencar sobre você e o barco, e o outro são as ondas que se formam com a queda do barranco que podem facilmente virar o barco.
O terceiro perigo são as imensas árvores penduradas às margens desses barrancos que com eles despencam. Como chegam a medir mais de trinta metros, podem atingir o barco mesmo estando distante da margem. Logo devemos ficar com olhos, ouvidos e instinto antenados todo o tempo.

Remava em média oito a dez horas por dia, tentando parar dez minutos a cada hora e meia para alongar e sair um pouco do barco, como muitas das vezes não havia lugar seguro para atracar, o jeito era remar até encontrar.  Alimentação fazia de hora em hora e hidratação a todo instante.  

A orientação era feita por mapa, GPS e principalmente, pela informação dos ribeirinhos o que era o mais seguro. A estratégia era partir pela manhã de uma comunidade habitada e até o fim do dia chegar à outra também habitada, o problema é que em alguns trechos a correnteza era mais forte, entrava vento, temporal e todo curso da navegação ficava prejudicado, além do mais, algumas comunidades ficavam distantes da margem e quem não as conhecia passava direto. Assim, por vários dias cheguei a remar mais de doze horas e algumas vezes dezesseis horas, tendo inclusive que remar de noite até encontrar lugar para pernoitar.

O grande perigo de remar a noite, além dos perigos naturais da floresta, é ser confundido com bandido ou traficante, pois além de ser um estranho e, diga-se de passagem, muito estranho naquele ambiente, ali também é rota de tráfico, naturalmente trazendo uma desconfiança aos moradores locais que se torna muito mais difícil de ser superada a noite.

A média de deslocamento era em torno dos 3km/h, em alguns trechos a média era menor, ao longo do dia remava aproximadamente 30km. Para se ter uma idéia, quem desce o rio remando pode chegar a remar até 100km em um dia, eu com todas as variantes que citei, remei no máximo 38km/dia. 

E assim, aos poucos consegui transpor, remada após remada, a forte correnteza do maior rio do mundo, o imponente Rio Amazonas e ser o primeiro a fazer isso na companhia de Deus.  Fiquei muito feliz pelo reconhecimento externado pela Confederação Brasileira de Canoagem com matéria na primeira página de seu site e outros órgãos de imprensa. Mas, o melhor de tudo foi o aprendizado que levarei para sempre.

Vale lembrar que antes de transpor o Rio Amazonas, percorri de bicicleta mais e 7.500 km do Rio de Janeiro até o Pará. Passei por onze estados entre as regiões sudeste, centro-oeste, norte e nordeste do Brasil, visitando Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão, Para e Amazonas, onde estou agora.

Atravessei o Rio São Francisco a nado, fiz rapel em uma castanheira gigante, surfei a pororoca de prancha e de montaria (nome dado pelos ribeirinhos à canoa de madeira), ainda com meu irmão tiramos duas vidas do mar, infelizmente, encontrei um casal de namorados mortos na Cachoeira Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros, sendo noticiada no Jornal Nacional em 16 de dezembro de 2009, fui internado quatro vezes, foi furtado duas vezes e por mais duas vezes tentaram me furtar, acompanhei a polícia mata adentro atrás do ladrão para recuperar meus pertences, corri de jacaré, conheci indígenas, caboclos, pescadores, quilombolas, navegadores e pessoas de muita humildade, nobreza, solidariedade e conhecimento, algumas delas inclusive me salvaram de situações de perigo. Fraturei um dedo, sofri uma furada de esporão de peixe na mão, fugi de enxame de abelhas, vivi calor, frio, desabrigo, afrontas, incertezas e solidão. Recebi muito carinho, amor e solidariedade. Conheci grandes mestres e fiz amigos de verdade. Convivi com homens do bem e do mal.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Na Amazônia II...

Mais fotos das aventuras do expedicionário Angelo Corso pela Amazônia...

Corso chegando em Oriximina

Corso com o amigo Manuel

Corso com Sr. Naldo e Esposa na comunidade Januária

Corso descansando em terra firme

Corso e amigos em Juruti Velho

Corso e casinha de palha

Corso e o amigo José Teixeira

Corso e pescador ao fundo

Corso e Sr.Naldo

Corso em casa de palha

Corso em palestra

Corso em palestra a professores e alunos da rede pública municipal de Oriximina

Corso na Sairé ( Alter do Chão)

Corso no fim do dia

Corso no pé de cajú

Corso no porto de Óbidos

Corso passando por balsa gigante

Criança no Caiaque de Corso

Criança ribeirinha jogando futebol

Cuieira recipiente de água coletada do Rio

Mastro do barco

Meninos ribeirinhos

Palestra a alunos da rede pública de Oriximina-PA

pescador abastecendo o barco

Por do sol no Rio Trombetas

Por do sol rio Amazonas

Terra caida

segunda-feira, 21 de março de 2011

Na Amazônia...

Rio Amazonas Inicio
Amigo Edimilson e filhos na cozinha de sua casa.

Angelo Corso na arena de Parintins

Caiaque proa

Caiaque proximo a transatlantico

Corso com familia ribeirinha que o acolheu na tempestade.

domingo, 20 de março de 2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

Nao tenho mesa de cabeceira para descansar meus livros
Navego na incerteza de uma boa alma que me de abrigo
Nao sinto o tempo passar,
Por dias e dias nao vejo no espelho seus sinais
Mente voa, corpo cansa
Indaga-me gentil e curiosa alma
Dao-me sincero e puro sorriso
tenho pão e água
Sigo